Um mergulho no carisma:
pressuposta a carência de admiração
pois o autocomprazimento
é medida exígua para tanto ego
e não conta para as contas que contam
– lá fora
onde os outros são a légua medidora
o bastão correto
(quando o carisma é por eles tutelado).
Houve quem sugerisse
que mal não viria ao mundo
se um modesto ensimesmar
fosse o contraponto
dos corpos que transbordam
e demandam leito fora das margens
(num cosmopolita coletivismo do eu).
Os desenhos da alma
opõem-se aos nomeados curadores
que sugerem uma certa altivez do eu:
sob pena de acusatório libelo
na forma do ultrajante narcisismo
recomenda-se que sejamos
janelas abertas
uma certa simbiose recíproca
a multiplicação de eus
em outros eus assim expostos
tudo elevado a uma potência sem numerador,
proibidas as cortinas
que descem sobre uma certa reserva
e a coutada da personalidade.
Não transijo
a recusa em ser
ator de um voyeurismoirrefreável.
Termos em que me declaro
orgulhosamente sociopata
sem declinações centrípetas,
que também recuso.
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