11.7.18

O bom sociopata

Um mergulho no carisma:
pressuposta a carência de admiração
pois o autocomprazimento
é medida exígua para tanto ego
e não conta para as contas que contam 
– lá fora
onde os outros são a légua medidora
o bastão correto
(quando o carisma é por eles tutelado). 
Houve quem sugerisse
que mal não viria ao mundo
se um modesto ensimesmar
fosse o contraponto 
dos corpos que transbordam
e demandam leito fora das margens
(num cosmopolita coletivismo do eu). 
Os desenhos da alma
opõem-se aos nomeados curadores
que sugerem uma certa altivez do eu:
sob pena de acusatório libelo 
na forma do ultrajante narcisismo
recomenda-se que sejamos 
janelas abertas
uma certa simbiose recíproca
a multiplicação de eus 
em outros eus assim expostos
tudo elevado a uma potência sem numerador,
proibidas as cortinas 
que descem sobre uma certa reserva
e a coutada da personalidade.
Não transijo
a recusa em ser 
ator de um voyeurismoirrefreável.  
Termos em que me declaro
orgulhosamente sociopata
sem declinações centrípetas, 
que também recuso. 

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