12.7.18

Plano de fuga

Matriz desenhada
no parapeito do improviso.
Um raio atravessado
na bissetriz do papel 
– uma cicatriz não esperada, amovível.
Compõem-se as estrofes imprecisas
no antebraço da angústia
em remoinhos inseparáveis do sorriso:
pouco há que valha tanto.
E sem pressentimento por perto
escavo as sílabas 
va-ga-ro-as-men-te
não vão as palavras ficar pela metade
e o plano de fuga naufragar
à mercê de um demónio disfarçado.

Ajusto o espelho ao contorno do rosto.
A toalha humedecida
desce sobre o espelho;
não quero que ninguém veja
o plano de fuga 
– ou de como me devolvo
aos labirintos
que são a medula indisfarçável.

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