2.7.18

Correspondência

O correio 
na maré que rasa
os sentidos.

Cartas abertas
o lacre sem bojo
nas ameias tardias.

Chapéu de gola alta
na apanha do salitre
de juras sem contrato.

A nuvem
assobia pelos pássaros
no teatro sem audiência.

A estrela sem brilho
casa com a montanha
modesta é a boda.

Anoitece
na manhã assaltada
no campanário sem castelo.

O correio resgatado
de ladrões sem siso
como garrafas de náufragos.

No meio do mapa
o estiolado gato
depois de vida em desfrute.

Ao lago
os haveres sem dono
num ecuménico pesar.

Um garrote
segura as veias
contra o açambarcado navio.

Destilam-se
as palavras que se esperam certas
no nó górdio do impasse.

O selo de ouro
no furibundo arrependimento
em golpes exatos de esgrima.

A ponte atravessada
com bilhete caucionado
o quadro sem esquadria por tenência.

Da falésia
o horizonte mais alto
murmura a estrada mais nobre.

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