1.8.18

Passaporte

Cobro o dobro da chama
na vaga inclinação das sobrancelhas
em seu desenho arqueado
púlpito das lágrimas não vertidas
conspiração encenada contra os sentidos
intuição sem regras.

Cubro com o corpo
a poeira afogueada no parapeito das sombras
sou caução
contra os tóxicos elementos
as marés sem freio
os olhares de reprovação
na maré-baixa da dissidência.

Custa apenas o módico repensar
nas redes tresmalhadas
(não importa)
válvula aberta para o ver que se não vê
para o dia sem calendário.

Caibo no logradouro sem limites
edil sem coroa
soldado sem disparar arma
pretendente ao vazio do sossego
(ou ao sossego do vazio,
ainda não decidi).

Na mealha do mar,
onde se encontram os ecos audíveis
dos capatazes dos sentimentos,
desabotoo a porta escondida
e desconfio
que tenho o mundo inteiro,
o mundo em minha querença,
a bordejar os meus pés.

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