13.8.18

Safra

Sei de mim
apesar das pontes sem meada
dos labirintos sem chave
e da neve que não cai no verão.

Sei de mim
no pináculo das horas centrípetas
onde arrumo o sol 
num lugar determinado ao acaso
na avulsa memória das páginas corroídas
em ilhas guardadas do olhar.

Sei de mim
no frémito da cultura
advertido para o santuário do conhecimento
paredes-meias com penhascos medonhos
grutas onde o frio amadurece
em palácios erguidos no fio de um nada.

Sei de mim.

E sei de mim
na ausência de sextante
na omissão da música
nas estrofes que desafiam a autenticidade;
sei de mim
no fervor do original
ditadura que em mim se sobrepõe
acreditando
que vale a pena acreditar.

Sem comentários: