17.8.18

Continência

Digo
o sangue eflúvio
nos contrafortes da noite
espada sem mão
na contracapa de um rosto vadio. 

Digo
as milhas que separam do sono
volteios sacrificiais no rumor do ocaso
no idioma dos nascituros
contra a opulência dos lugares-comuns. 

Digo
o jogo sem regras
nos lençóis desarrumados
o lugar benzido por definição
em murmúrios gravados nas paredes. 

Digo
às luas promitentes
as estrofes malditas
as palavras renegadas
desenhando os olhares que se reprovam
no esboço singular da liberdade.

Dito de modo outro: 
bebo na bandeira alvorada
de cores incertas
o módico de mim mesmo
à espera da voz para tudo dizer
e nada ficar por ser dito.

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