Nos balcões estendidos na maresia
intercedo a favor da loucura
dos boémios sentidos da memória
no vulgar dedilhar das páginas em fervor
fecundas sementes do sangue corrente.
Intercedo
em flagrante viagem contra o vulgar
num apanhado de palavras improváveis
deitando os olhos ao céu de espuma
onde dançam
as boreais, lânguidas madrugadas.
Não protesto.
Não devolvo nada à ira.
Canto as músicas que encantam
as músicas quiméricas nos varandins alçados
em constante agradecimento à música
– a ciência máxima.
Se a mim vierem as sortes
(se por sortes se tiver um fado)
quero que seja um singelo cosmos
poemas destravados
onde as palavras se sobrepõem aos freios
e eu tomo em mim
a inteireza toda
a combustão das coisas gélidas
os braços abraçados ao pequeno planeta
– o planeta pequeno de mais
para tanta sementeira.
Se a mim vier a fecunda safra
que seja
uma constelação de aromas
um vulcão indomável
a parafernália de sentidos
com moldura em palavras
uma imensidão a reclamar lugar ao infinito.
Sem comentários:
Enviar um comentário