As traves do dialeto
empréstimo sem juros
ou apenas
janela que recebe
pétalas outonais
a neve promitente
no amparo de tapetes fundidos
ou apenas
bússolas diametrais
minaretes sem ouro
o corpo forte no secular comboio
o desejo pressagiado
nos interstícios da alma não esquecida
desde a funda recolha dos sedimentos
ou apenas
cartas irrisórias
tabuadas sem regras
preces sem religião a comandá-las
e um discreto sorriso jogado
nas varandas intemporais
de onde sobeja
a cultura desvendada
ou então
os dedos untados por defeitos
a mísera condição humana
o maior legado de divindades
em garfos calmos
trazendo à boca o antídoto da letargia
jogando as contas fecundas
num caudal prolixo
ou então
a maresia sem mar por perto
apenas a inconfessável imaginação
em golpes furtivos
propostas de aprendizagem imorredoira
o anúncio não solene
da humildade com cobertura
o cheque visível do olhar descomprometido
escudo armado nos despojos de iras não datadas
resgatando do sol sua aura
semente vitória no abraço do tempo
ou então
a sensível lágrima por perto
rio galgando as margens
e atirando aos aluviões nutrientes esperados
o ditado sem palavras possíveis
na cama desarrumada
onde tiveram lugar
os sonhos de amanhã.
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