Digo-o
com todo o fervor
a centelha ávida a estalar
na boca:
confisco um pedaço do horizonte
preciso
de um pouco de espaço para arregaçar os olhos
e do redor trazer os instantes sortilégio
o muito que se pede
ao promontório onde se tutelam as vontades.
Se em roda se verter o precipício
diremos
sem temor
que não sobram
as angústias em sede própria
dissolvidas no caldear da noite
em pose de luar luminoso
em pose
até que o retrato caiba na moldura.
Tomo em mim a frescura da manhã
e deito os dados ao relampejar das vozes
ainda timoratas
ainda apressadas
dos matinais passageiros
os tumulares esqueletos contrariados,
que mais parecem corpos mutilados.
Não admito
se não
o vago pesar das ondas
em que se deitam os pássaros
para de meu vagar
saber tirar a rasante do desmedo.
Divago,
talvez.
Desmonto
as agitadas vozes atribuladas
renego-as às sombras lenticulares
aos lugares
onde medram os apóstatas dos pleitos.
Não
em mim não coabitam os gládios
e sei do santuário
onde se somam as pazes.