22.1.20

Naipe

Um pequeno salto no úbere do medo
é a farsa composta no madrigal
entre os lagos parados e os ninhos.
Admita-se uma tempestade:
será apólice do desmedo
a tresloucada saída para a rua
o peito a dar-se ao vento irascível
à chuva copiosa
um desmando intrépido
a recusa do estabelecido.
Um pequeno salto na voz dos astutos
e a fala enuncia nomes
nomes na parte inteira de que são feitos
o verso da cidade que precisa de amanhecer.
Um instante na estação do metro
a plataforma apinhada de rostos sem rosto
o estridente matraquear das carruagens
desafia o olhar
extraído da abúlica condição.
O resto
são as escadas que separam do solo.
Não há medo que suba à superfície
quando somos toupeiras comodistas.

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