14.1.20

O outro lado da trincheira

A regra insinua-se
ditadura de si mesma
no santuário onde colhe suas vítimas. 
Não afrontem os demónios escondidos
os vultos que atiram sombras sobre a lua
não hostilizem os pederastas do futuro
em seus solilóquios perenes
que devastam as árvores frondosas
e a paciência. 
A regra faz-se convencimento
narrativa de autojustificação
a favor dos usos
fazendo cânone em cima de cânone
até que,
obedientes,
sejamos aura sem nome
identidade numérica
pessoas despojadas de rosto
liberdade despojada. 
Conseguimos 
ser guerrilheiros em causa própria
obrigatoriamente em causa própria
e desinvestimos as regras de seu altar
tornando-o a praça indigna
a que cuidamos 
despertencer.

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