Qual é a sabedoria dos sábios
a imagem diligentemente nítida
o verbo colocado
a consumação da perfeição afinal possível?
As sombras escondem o palco lívido
as cortinas arroxeadas
que deixam,
sob a espátula da contraluz,
silhuetas em fundo
os corpos despropositadamente deselegantes
apanhados à má-fé
enquanto se preparam para as luzes?
O que deixamos em legado
se não as impressões imateriais sem paradeiro
a sementeira árida
um diadema de nada
a escultural pose dos abastados vencedores
de jogo sem adversário
um jogo de sombras
em que somos a estatura diminuída
do espelho refratado?
Que se anuncia
no cimento do passado
que se conjuga com verbos intransitivos?
Deixamos em memória futura
a mnemónica artilhada pelas mãos
o sumo do dia vertido na areia
a infecunda faca esgrimindo a fúria sem rosto
o goto da incerteza
as paredes por onde se desenharam os corpos
o património sem inventário?
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