A matilha fareja os arbustos
espera por uma centelha
para o começo da caça.
Sobeja
um pouco de fome
nos intervalados esgares do sol
calçados no frio invernal
e a matilha persevera
convencida
que a demanda não será um logro.
Batizam as presas
mal as encontram
e elas,
não podendo já fugir,
constituem-se banquete
nos em breve retalhados corpos
pelas bocas famintas e egoístas
de cada indivíduo da matilha.
Altura em que
a matilha deixa de ser matilha
cedendo à plausibilidade de cada ser,
cegos pela fome que urge matar
depois de mortas as presas
feitas presas
para matarem a fome da matilha
antes que a matilha
seja presa da fome
e assim por ela seja morta.
*
Rescaldo do documentário.
O petiz pergunta ao pai
se tudo se reconduz
(não terá sido
o termo usado pelo petiz)
a matar,
a morrer,
ou a ser morto por algo mortal.
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