7.1.20

Taxa de câmbio

Atiro
a moeda ao ar.
O sortilégio envidraçado,
à espera de ter vez.
Combinação de acasos
no avulso arrepiar 
da gorda desdita
e do obeso fado maior
(para gáudio da igualdade estatutária).

Tiro
a moeda do ar.
Interrompo o jogo
torno-me seu narrador,
que não caibo no estatuto de intérprete.
Estalam as articulações dos dedos
no estirador em que passa a saber o jogo,
talvez 
a maquinação estéril
do medo da sorte
do medo do azar
ou do medo só.

Tiro
a moeda no ar.
A vetusta condição
do artesão que desenha o tempo
contra quimeras infundadas
e angústias infecundas,
contra o malquisto xadrez 
ou o tapete rico em pétalas concebido.

Tiro a moeda.
Que é excedente
e o lugar precisa 
de desmaterialização.

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