Atiro
a moeda ao ar.
O sortilégio envidraçado,
à espera de ter vez.
Combinação de acasos
no avulso arrepiar
da gorda desdita
e do obeso fado maior
(para gáudio da igualdade estatutária).
Tiro
a moeda do ar.
Interrompo o jogo
torno-me seu narrador,
que não caibo no estatuto de intérprete.
Estalam as articulações dos dedos
no estirador em que passa a saber o jogo,
talvez
a maquinação estéril
do medo da sorte
do medo do azar
ou do medo só.
Tiro
a moeda no ar.
A vetusta condição
do artesão que desenha o tempo
contra quimeras infundadas
e angústias infecundas,
contra o malquisto xadrez
ou o tapete rico em pétalas concebido.
Tiro a moeda.
Que é excedente
e o lugar precisa
de desmaterialização.
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