O homem que gostava de fazer prefácios
fez mais um prefácio
na contabilidade prístina
de quem se faz solene visita
às palavras lacradas por outros.
O homem que gostava de fazer prefácios
gosta de uma cerveja antes do jantar
enquanto amacia o pelo do bulldog
e mastiga as cascas azedas
que o mundo obnóxio não se cansa de bolçar.
E mesmo assim
o homem que gostava de fazer prefácios
tem sempre um prefácio
à espera de sementeira pela prolífica mão
e ufana-se
nos interstícios da alma
pela façanha contínua.
Ainda hoje,
tantos prefácios depois
que até
o homem que gostava de escrever prefácios
perdeu a conta ao inventário,
ninguém pergunta pela obra restante
do homem que gostava de escrever prefácios.
Tamanho pergaminho
é predicado de um escol
de um punhado de prescientes
estabelecidas autoridades intelectuais,
com obra firmada.
Mas
do homem que gostava de escrever prefácios
ninguém conhece a não ser
as páginas
onde o homem escreveu prefácios.
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