Peçam
uma lavagem cerebral
um imorredoiro compêndio de instruções
semáforos diligentemente semeados
em todos os cruzamentos
instruções sobre como ser e atuar
e até como devem proceder
quando as hormonas convidam ao sexo.
Peçam
regulamentos e leis e posturas
e decretos-regulamentares
e uma miríade de regras minuciosas
todas as possibilidades da vida
tatuadas no sortilégio do dedo regulador.
Peçam
para haver regentes em vez de pais
(ou regentes substituindo-se aos pais)
obediência religiosa a uma bandeira
educação meticulosa pelos mestres de escola
dando seguimento à bitola das autoridades
e peçam, ainda,
para as autoridades não se esquecerem
da exibição do poder de império
substituindo-se
a páginas tantas
por autoritários
(que o povo madraço adora “pulso forte”
como se fosse preciso
para um qualquer onanismo místico
que cavalga no poder dos regentes).
Peçam
para tutelarem eufemismos
que escondam farsas bem disfarçadas
e, ato contínuo,
atirem toda a areia do Saara para os olhos
até que a capacidade de inteleção dos súbditos
fique presa por arames.
Nesta altura
não se esqueçam
de pedir
o boletim de voto
e repitam
de preferência,
todo o antecedente.