20.4.22

Almamómetro

O caminho do silêncio

arroteia marés hasteadas em breve

no descolorido cenário habitado por vultos. 

Na gramática do silêncio

contam todas as sílabas

para o apuro dos déspotas. 

Descombinam-se os álibis

na congeminação perfeita dos fingimentos

sem cesuras ou outros pespontos

à espera dos promitentes do verbo hausto

à espera

dos mantimentos especulados 

nas janelas que tecem suas próprias paisagens. 

No caminho do silêncio

nem o arvoredo cicia

e não é pelo vento que se ausentou. 

Do silêncio a caminho

o poema que exulta

em frações diferidas do vocabulário loquaz

a mirífica palavra 

regida pelas ameias da alma.

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