6.4.22

Por vocação

Dentro desta roupagem

pastoreio a aragem 

no sumiço do miradouro.

O horizonte não tem fim

e colho no rosto

o frio abraçado no vento 

que rasura a pele.

Longe

onde só o silêncio se autoriza

não contesto as vozes que não ouço

e de minhas palavras murmuradas

faço a fogueira que me aquece.

Depois do dia válido

é o lugar onde a terra se ausentou

mais o furtivo clamor da multidão indiferente.

Oxalá o exílio

não andasse por longe

ou a lonjura não fosse a albufeira

onde se desfazem as bandeiras gastas

para da aragem constituir

a levedura de ânimo.

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