8.4.22

Quinze horas, hora continental

O ocaso

senta-se ao jantar

nas suadas palmas das mãos

que se refugiam

no silêncio. 

Por medo

talvez seja por medo

metendo as facas longas

no espelho estilhaçado

pelo crepúsculo. 

Joga-se

a mirífica mentira

no pedestal onde se fruem ilusões

antes que a pele acorde

presa na hibernação. 

Não se cuida

a decadência em prováveis regatos

nem a alucinação transforma o sangue

em altivez. 

O xisto

não é a pedra tumular

arrancada à falésia matinal

e o peito carnudo procura as cicatrizes

nas estrofes surdas. 

Até que o alívio

seja o campanário irrelevante

e as fragas tomem o corpo por semente

sem avisar os deuses de permeio.

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