Devo as mãos ao asfalto fundente.
O provérbio arrasta-se na boca
é como se
picaretas matraqueassem a língua
e da tortura o sangue falasse
em vez da voz.
Se esta varanda está gasta
vou a outra embocadura
onde o rio seja eflúvio de mim
e as portas sejam altas fortalezas
abertas contra a tirania do silêncio.
Possam beijos dar cor às bocas
e da escotilha segredar as manhãs altivas
nem que a penumbra seja o espelho
em que se acalmam as sílabas.
Ao longe
o castelo
sozinho
desamparado na paisagem secular
sulca as nuvens que aterram no seu regaço.
A partida não é o avesso da chegada
apenas
um apeadeiro
no abundante esmo de apeadeiros
onde se hasteia a escolha.
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