Sault, “Heart”, in https://www.youtube.com/watch?v=-5OzNTZystM
O sonho que cicia
na fronteira do ouvido
harpeja o crepitar da lareira
sem que da angústia contumaz
o dia tenha entendimento.
Os degraus movem-se
verticais
à medida que os dedos caiam
a silhueta da enseada.
Ouço palavras atropeladas
espanholadamente atropeladas
num grasnar singular
e o barco promete-se ao mar alto.
E quem não tem as suas enseadas?
Pergunto-me
silenciosamente
omitindo o bramido deslimítrofe
arrumando as cortinas que retesam a claridade
se as enseadas não são privados exílios
ocultando a multitudinária fala gongórica.
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