Se soubesse o idioma das marés
dispensava as pontes
os frugais heterónimos do Verão
um lugar no sol da meia-noite
como se as sinfonias alisassem as cicatrizes
e em vez de portas
as arrecadações no postigo espreitassem
o céu preparado para o ocaso.
O que nos vale
é que não há arco-íris à noite.
A chuva não se mistura
com os barcos estacionados
ensinada a cair onde a terra precisa.
Os velhos
já não acordam para as conspirações;
não acordam às conspirações
preferem usar a baioneta servida a palavras
do que esculpir sonhos que precisam de tempo.
Quando se amontoam os barões ajaezados
confundidos com o testamento dos tempos
as palavras engrossam no fino caudal da tarde
fingem que dão a volta ao mundo em meia hora
enganando os guardas-noturnos ensinados
no auditório encenado onde só os profetas
são esquecidos.
Não é deste esgrima que se alimentam
ou a greve de fome atraiçoa os sentidos
por mais que se esforcem por ser vulcões
outra vez vulcões
porventura derrotados pelo raiar de maio.