22.4.24

Microscópio

Desliga o motor da desconfiança

lê os sinais de fumo do luar

a malapata é uma farsa sem provérbio. 

 

Alimenta os obesos de ideias

terça o verbo afiado

contra os estetas de dietas cruéis. 

 

Canta por dentro do átrio

até os versos distorcidos

na paleta onde se esconde o vulcão. 

 

Não te dês aos talhos 

foge dos punhais debruados a injúria

e admite os cães gastos no jardim recuado. 

 

E se dormires no sopé da tarde

que sejam almirantes os sonhos 

e não alucinações destemperadas. 

 

As palavras todas fatiadas, todas janotas,

juntam-se à sede dos equinócios

e tudo soma um arroz que não deve a Baco. 

 

Antes que o convés te arranque da letargia

as horas gastas sem paradeiro

a música cercando-te por todos os poros. 

 

Está é a estultícia dos fracos

a forca onde são decepados

o sangue a esmo na estimativa dos segredos. 

 

Até que do novo sejas arcano

e no olhar gasto te assenhoreies

das estrofes onde se embelezam os nomes.

Sem comentários: