15.4.24

Assanhado

As rosas sangram o carvão fervido

desencontradas do vulcão amordaçado

procuram nas raízes a água módica. 

 

Sangram a lava messiânica

dançando no viés das nuvens

enquanto há precipício para amar. 

 

Lava o chão puído

a lava debitada da boca irreparável

no freio solto da língua aferroada. 

 

Do chão falam os sepultados

o idioma tartamudeado entre vírgulas

dado ao suor noturno em vez de pesadelo. 

 

Não houve elegia no planalto varrido a vento

os dedos cruzados suplicam cores extasiadas

e dos rostos intactos sobram áleas cumpridas. 

 

O socalco esculpido deita-se no ocaso

as arcadas da noite quase juradas

no mercadejar silencioso dos artífices. 

 

As contas que nunca são feitas

na conspiração de anónimos zeladores

deixam órfãs as dádivas sem manhã procuradora.

Sem comentários: