7.4.24

Mausoléu a dias

Mudas as chaves, talvez compense; 

da noite reclamas o apátrido silêncio

cultivas o fingimento para não seres 

inverosímil presa dos altivos marçanos

mobilizados a favor da indigência

e tu, solteiro de causas,

no sopé da perplexidade

desafias os dentes de tigre mordidos na carne

folgas com a obediência dos demais

sem saberes o que fazer

com tanta rebeldia estacionada nas mãos. 

 

Arrumas as sílabas ao canto esquerdo da página

para não seres surpresa para os conhecidos

e absolves as cordilheiras onde empilhada

descansa a volumetria do desvario. 

 

A lama adesiva 

esconde-se nos interstícios da alvorada

como se fosse 

um posfácio do dia vespertino

ou uma ponte fizesse a junção dos dias separados

e tu, provocador sem estrado,

estilhaçasses as bocas plausíveis

dos engenheiros da letargia. 

 

Não te comoves com a bondade apática;

deixas a escotilha aberta

para os enigmáticos pesares que arrebatas

dos lutos limítrofes. 

Convocas o adeus

essa sumptuosa declaração de finitude

convencido da probabilidade da morte.

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