Mudas as chaves, talvez compense;
da noite reclamas o apátrido silêncio
cultivas o fingimento para não seres
inverosímil presa dos altivos marçanos
mobilizados a favor da indigência
e tu, solteiro de causas,
no sopé da perplexidade
desafias os dentes de tigre mordidos na carne
folgas com a obediência dos demais
sem saberes o que fazer
com tanta rebeldia estacionada nas mãos.
Arrumas as sílabas ao canto esquerdo da página
para não seres surpresa para os conhecidos
e absolves as cordilheiras onde empilhada
descansa a volumetria do desvario.
A lama adesiva
esconde-se nos interstícios da alvorada
como se fosse
um posfácio do dia vespertino
ou uma ponte fizesse a junção dos dias separados
e tu, provocador sem estrado,
estilhaçasses as bocas plausíveis
dos engenheiros da letargia.
Não te comoves com a bondade apática;
deixas a escotilha aberta
para os enigmáticos pesares que arrebatas
dos lutos limítrofes.
Convocas o adeus
essa sumptuosa declaração de finitude
convencido da probabilidade da morte.
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