O casario sobe a colina
no seu dorso o açaime do silêncio
o refúgio das casas habitadas
todas aquelas vidas sem nome
anónimas
como a parte do rio feita de urina desaguada.
Não são segredos que se desembaraçam
na coutada das mãos arrefecidas
é a maresia arrancada ao mar amaciado
o remorso tingido de medo
na sepultura avivada que entontece
no divã do futuro desalinhado.
Os olhos são como idiomas
juntam-se à pele amanhecida
no cofre das sílabas desenhadas
com o ouro da língua.
Os versos
não são sobre os moradores
ou o lugarejo com as casas como presépios.
Os versos
não são sobre a perfeição confecionada
ao anoitecer
pela coreografia de corpos sem número
ou do desejo que fora feito património.
Os versos
são um feixe de luzes combustíveis
que irradiam no céu avulso
deixando o chão ornamentado
pelas vozes litorais
em cores arrancadas ao siso.
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