19.4.24

Praça do silêncio

A praça descansa no litoral da tarde

com o leve desassossego 

de estudantes boémios

e a proverbial charla 

entre os comerciantes vizinhos. 

Antes que seja noite

antes que os estabelecimentos hibernem

deixando de fora a musculatura mercantil

que fica de véspera à espera

da ossatura dos clientes. 

Nessa altura

a praça ganha direito ao exílio

os ladrilhos voltam a ser obra de arte

então sem ser agredida 

pelo calçado dos utentes. 

Da noite

a praça só tem o testemunho

do silêncio

que rima com a solidão

e não se importa com a descompanhia.

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