Ao teu doce ouvido
um sussurro.
Sabes
o que o sussurro
te segreda.
Podem as voltas da vida
torcer a vontade.
Que para além
do que a vista alcança
está o dever da entrega.
Da sombra
solta-se a tua voz.
O elixir da presença,
saber-te o alicerce
que empunha a bandeira
da vereda a palmilhar.
Haja as voltas que houver
acordes na outra almofada;
de um esteio de quem existe
à recompensa dos que porfiam.
Nem os queixumes,
nem os devaneios,
ou os silêncios pesados,
ou as palavras agrestes
- nada, nada volteia
a espessura do destino que é nosso.
Nem mesmo
quando os nossos curadores
parecem adormecidos.
Nem ali se estanca a torrente
que um dia fez de nós
a vida para deleitar.
Se é no enlevo
dos suspiros da alvorada;
ou no trinar dos sinos
ao pressentir a tua voz;
ou na quietude da poltrona
que nos acolhe,
já noite entrada.
Sem o peso esmagador do temor.
Sem o estigma agrilhoado.
Sem ceifar a liberdade.
Nem calcinar o quem que somos.
No que somos:
de sermos ambos,
apenas e tanto,
parcelas de uma vida.
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