A suave doçura das framboesas
crepita.
Contrasta com a acinzentada luz
das nuvens que escondem,
tímidas,
o temerário sol.
Lá fora,
as pessoas passeiam
digerem vidas atribuladas
esventram as sinuosas curvas da vida
no gelo quebrado pela tepidez
primaveril.
Não as crianças:
na algazarra
só conhecem a inocência da bondade.
Os mais velhos
ora repousam na esplanada
ora palmilham a calçada que adeja o rio.
Dão tréguas aos espinhos aguçados
cravados na garganta sangrada.
A hora do descanso,
refrigério dolente
um tempo que apetece imortalizar.
Não,
os espinhos crivados
não derrotam os sentidos;
só o perfume das framboesas
repousando na boca
no hiato das adversidades.
Oxalá
todo o tempo fosse
captura dessa
bonomia.
(Lisboa)
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