Corto na soberba do dia
os chapéus não encenam o sacrifício capaz
nem as flores se antecipam à manhã tirana.
As janelas arrepiam o vento
e as falas sobrepostas compõem
o idioma sem pátria.
Folgam os bolsos vazios
nada há que os queira habilitar
de aforros destes não se peticionam ordens
nem as bandeiras
deixadas na sua esquálida condição
se prestam a uma serventia.
Entretanto a noite não demora
a gramática extinta
a pesar sobre as costas pesadas
a noite que se consuma exílio
no formidável adro
onde se escondem os marinheiros desembarcados.
Ontem já seria tarde
a maré passou ao largo
que neste lugar amaldiçoado
não há crepúsculo que se levante
nem palavras malditas, cortantes,
a lembrar os desadmiráveis logros da História.

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