Preces inacabadas
ou monumentos em ruína
– nunca soube
que metáfora se alinhava
no diadema das considerações.
E talvez estivesse no fulcro do mundo
a fáctica convulsão arrojando-se
contra o meu rosto
e eu,
simples erupção
vulcão modesto sem ninguém assustar.
Devo dizer
que não fora esse meu propósito;
e que,
insisto,
sempre me foram indiferentes
as dores e as bebedeiras de júbilo
os disfarces e os rostos marcados
os ossos corroídos ou as atléticas esfinges
a decadência ou a opulência
que outros reprimissem ou ostentassem.
De todos os males,
o menor:
não sou adestrado em preces
e não tenho medida de monumentos em ruína.
Há algo em mim
(sussurra uma voz interior
de que não conheço o timbre)
que me chama para outros quadrantes
destes que são incógnitos no diapasão que sei.
Outras páginas
outras paisagens
outros teares de imberbes palavras
outros cometimentos
outros lugares
outros mares com diferente salitre
outros ângulos do mesmo olhar
outros lagares onde a alma se refreia
– uma anestesia,
uma hibernação,
uma coisa assim parecida.
Sei, contudo,
que tantos outros
(estes e outros outros que subam às paredes)
são a desmedida da medida que sou
e retorno às costuras de mim
no deleitoso palco em que sou eu
sem o embaraço da diferença
de um eu que não cobiço ser.