Que fale o jasmim
nas cores que irradia
no telhado da primavera.
O dedo erguido
não é denúncia:
desenha a silhueta das nuvens
com a mesma precisão de um ariete
e traz ao conhecimento
as sílabas escolhidas
(adivinhe-se)
a dedo.
Depois da manhã
o soalheiro entardecer
confirma o diadema engalanado:
os tiranetes
estão condenados ao degredo,
mais cedo ou mais tarde,
ou a humilhante defunção
às mãos dos que outrora foram presas.
Que fale o jasmim,
ao menos,
a contramaré deste palco hediondo
o sedoso campo
por onde os corpos se habilitam
na anestesia da obnóxia condição
que é o periférico a tudo.
Que fale
o jasmim.
As palavras de silêncio
apostilha arqueada sobre o texto robusto
a milésima de segundo
que faz a diferença.
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