26.3.19

Manual de sobrevivência

É esta a contingência. 
O lugar avulso
sem a crispação dos importunados,
só as linhas púrpuras
onde se deitam estrofes arrancadas à dor. 

Não pareço os estouvados
nem treslouco a boémia reincidente;
poderia admitir
que invejo os estroinas
os múltiplos apeadeiros desandados
o altar perene 
onde estão vedadas as consumições
o aperaltado, descamisado andar dos dias
no tributo da maresia que sintetiza 
os elementos
sem o aparato das elipses enigmáticas
que ascendem desde labirintos espúrios. 

Não sou capaz,
ó fraqueza minha 
– ó franqueza que me trais
e deixas transido diante da farsa
incapaz de dela ser intérprete. 

Os minaretes
em seus cantos sonhadamente entoados
convocam a via etérea
o canto maldito
as preces opostas
as apostas na loucura desenraizada
os remos temerários que sulcam tempestuoso mar
a coragem dos estouvados
o peito aberto às pedras cuspidas
a gare que se mostra à controvérsia
a cúspide laminada na recusa do estertor
a fome contida em esboços a carvão
as espadas sempre embainharas
o rosto cristãmente oferecido
em duelos preparados para a resignação
os olhos que, todavia, não capitulam. 

Nem tudo tem a servil andança
da vergonha. 

Assim como assim
já açambarquei algumas das proezas assinaladas. 
É este o vespeiro em que estou
uma frenética valsa dos apressados
em voos rasantes uns aos outros
no vexante senado 
em que ninguém deixa de ser senador,
bolçando a indiferença que consta
do manual hodierno de sobrevivência. 

(Ou será o manual de sobrevivência hodierna?)

Sem comentários: