3.3.19

Clepsidra

Dizem: 
temos de escrever o futuro;
somos infecundos 
se o passado preterirmos. 
Eu digo: 
temos de ser notários do presente. 
Dos dedos, 
soerguem-se as estrofes 
que o hoje veneram. 
O único rosto do tempo 
de que temos oráculo. 
As pálpebras não emaranhadas 
na amálgama dos tempos fantasmas.

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