29.3.19

Transparência

Dou-me de penhor
às arcadas furtivas
onde se sobrepõem
o chão humedecido pelas lágrimas
e as cordas rombas de um vagar semântico.

Arranjo tempo que sobre
e sobre as costas das dívidas incobráveis
amontoo o património invisível
a gramática absurda que só ela faz sentido.

Penhoro à força
o sorriso fácil dos tutores da alegria
à força:
pois de tanto ser forçada
é ardil manhoso
disfarce que deles faz
flibusteiros sem remédio.

Prefiro
os rostos sem cosméticos
as vozes não falseadas em sustenidos
os verbos frontais
os medos que são medos
e todo um mar de fragilidades
a quintessência da nossa coragem.

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