Não sei o que é nada
pois se o nada se resolve no vazio
e do vazio não se traz cor à água
o nada é um indeterminável,
um todo nada.
Se no nada fosse possível nadar
o nada não era um nada assim definido
era uma água qualquer
respirando um algo
nos antípodas do nada.
Mas se ao nada as coisas se devolvem
são ausência em si mesmas
matéria devoluta
dissolvida no ar invisível
como acontece com o nada
e no nada ninguém nada.
Não há conhecimento
de quem tenha emoldurado o nada
ou de quem dele faça retrato
pois o nada é nada
(não é nada, como arbitram os desatentos)
e como nada que é
esconde-se na cortina do inverosímil.
O nada é nada
não existe,
indemonstrável.
Que seja terminantemente recusado
que o nada é a negação do que existe
pois o contrário de um lado
não se reduz ao seu oposto.
O nada não é nada,
para não configurar a sua negação.
O nada como nada,
dupla negação,
transfigura-se num algo.
E não há notícia
que uma ausência
seja o seu oposto.
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