Por dentro da memória futura:
um lago desidratado
a névoa que se insinua na colina
a identidade sem vestígios
e o aparente algoz
hibernado.
Conto os números
por distração.
Conto as pessoas
enquanto desfilam à minha frente
e o café arrefece,
à espera de molhar os lábios.
Não há notícias de tempestade.
Evocações distantes,
perdidas no poço fundo da desmemória,
transfiguram o espaço em que se move
o tempo.
Não há notícias do tempo
na sua indolência futura.
O marégrafo constitui-se espectador,
ele que se esperava fosse ator;
a tirania do vazio
ocupa-se das empreitadas assinaladas
e os netos dos netos podem esperar
uma multiplicação do vazio.
Não há notícias de tempestade:
o tempo corre pela cronologia arrastada
e os desenhos na ponta do dedo
dizem que as sombras se dissolveram
no seu movimento exíguo.
Para fora da memória futura:
esvazio o armário
e fico à espera
que as quimeras sejam adiamento
perpétuo.
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