Sabendo dos preparativos para a boémia
encomendou-se à prosápia do hedonismo
e se lhe dissessem que era amanhã o apocalipse
o sono não seria menos confortável.
Aprendeu a fazer continência ao hoje
que nunca se sabe dos humores do devir
nem dos contratempos sem lugar na agenda.
Este era o portfólio que o precedia
e ele não tirava pestanas ao sono
para sequer supor
a fama que lhe sucedia
nas lágrimas férteis vertidas
no equinócio do futuro.
Do pouco que dizia saber
atestava a volubilidade das camadas do tempo,
a sua própria imaterialidade.
Se assim era
que utilidade tinha tentar ser tutor
de uma qualquer dimensão do tempo
se o tempo,
translúcido,
foge entre os dedos firmes de todas as mãos?