Esta é a circunstância
o jogo sem regras tangentes
o misterioso leque das donzelas
o miado arrastado do gato sonolento
as sílabas dedilhadas com a voz embaraçada.
No pódio dos iconoclastas
passeiam-se espelhos estilhaçados
a verve penteada pela facúndia
dos donos do melhor ensimesmar
vultos perenes da grandiosidade de si mesmos.
Os bustos ufanos
emprestam-se à pose
quase a serem acabados em estátuas
o selo imorredoiro da sua imortalidade
sem se darem conta
que bustos sem a parte restante dos corpos
não chegam para meio homem.
Embelezam-se os coldres
em destemperados sonos sem noite
no rodapé de vidas sem palavras
alisando a loucura estulta
dos homens reféns de si mesmos.
Não se cobram promessas
nem recentes
nem antigas já esquecidas
em reviravoltas dos verbos
gananciosamente recrutados na geografia dos coagidos.
E na noite tentacular
quando se congemina o palco dos sonhos
sufragam-se pesadelos acorrentados
as miragens que embaciam o olhar
e desadulteram a gramática da existência.
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