7.5.19

Conjurado

Hoje não há ardinas.
Não há sequer varinas.
Não há sãs narinas.

Hoje não compro jornais.
Não vejo da televisão os canais.
Não há poucos boçais.

Hoje digo poente.
Adio o demente.
Recuso estar doente.

Hoje colho alfazema.
Escrevo o “o” com trema.
Dedilho o açúcar do tema.

Hoje não digo futuro.
Não parafraseio o escuro.
Não viro o avesso do osso duro.

Amanhã esqueço-me do hesterno.
Desenho o parapeito do moderno.
Aqueço as mãos no meu fogo eterno.

Sem comentários: