Cuidadas as feridas
agora as mãos desocupadas
para a genuína ocupação:
cuidar dos tempos normais.
As barricadas
já são só um pesadelo
arvorando a sua condição a espaços.
Às cicatrizes
a função de mnemónica
que aproveita aos tempos vindouros
(se a necedade dos homens
não se sobrepuser
num vangloriar estulto
que mais não é do que uma vã glória).
Os dias correm planos
agora.
Os sorrisos retomaram um lugar
nos rostos quotidianos
o sinal da temperança que se enquista
no ar que parece mais leve.
As palavras não saem a custo.
As pessoas querem multiplicar as palavras.
Aprenderam a irrelevância do amanhã,
que pode soçobrar ao menor contratempo.
Antes as pautas alinhavadas
pelo solfejo da manhã
o sentir do ar frescamente matinal
e a aurora que é sempre uma quimera,
mas só no dia que lhe corresponde;
as manhãs alinhavadas em promessas vindouras
são o juro que a incerteza não pode pagar.
Se dúvidas persistirem
que a cartografia das cicatrizes,
possível depois de lambidas as feridas,
trate de apurar.
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