Vou ao batistério
onde as águas são suores acusados
e enfeito a voz com uma magnólia.
As unhas algemadas
contêm o sorriso alarve dos peritos
e da máscara avinagrada
retenho o ócio simpático.
Estas são
as escadas da discórdia
o penhor das alimárias candentes
o canto empenhado da voz seguinte
um certo dadaísmo sem inventário
a tenaz apertada à boca de cena.
Roubo a faca ao ladrão
e não é crime o que cometo;
as desculpas
guardo-as para segundas núpcias
aquelas sem noivas convidadas
e convidados para boda nenhuma,
o lugar onde o bodo se devolve aos pobres.
No lustre embaciado pelo uso
executo o não plano
o acordo firmado
nos soluços vínicos
na palmilha sem pés por perto
no grotesco movimento fradesco
sem freiras por perto.
Não vou ao batistério
por ausência de comoção mínima
e convocatória de águas perenes.
Prefiro um rio sem desenho
o caudal esventrando no chão rochoso
e as perguntas alinhadas sem ordem
no sopé da manhã estimada,
o eco da concórdia.
Sem comentários:
Enviar um comentário