O controverso verso
despachado de jato
sem solilóquios nem mesuras:
de diplomacia
não foram embolsadas lições
e os punhos de renda
não passam de metáforas
(assim como acontece a muitos católicos
que se confessam não praticantes).
O pesa-papéis
traz esquinas aos documentos
e nos salões
na pose habitualmente aristocrática
os associados só usam lima
para aparar vivas arestas das unhas
(e para enriquecer cocktails
de cuja ciência se encomendam aos peritos).
Termos em que
na antecâmara das embaixadas
as palavras abrem feridas
abundantemente sanguíneas
(fazendo lembrar
as toranjas igualmente sanguíneas
que entram em certos cocktails).
O que tudo compõe
é os diplomatas não prescindirem
dos punhos de renda
enquanto salivam impropérios e detrações
em idiomas não escrutináveis
na tabela das traduções.
Todos fingem,
a bem da concórdia.
Foi assim que se inventou
o pão podre,
essa delícia sem pátria.
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