O que são as pontes
se não um cais para a diferença?
Não será voraz
o apetite igual
o imperativo mesmo rosto
os gestos melodiosamente harmoniosos
a gramática sem dissensões
os gostos por decreto
o infecundo arrazoado da deferência.
Avançam os relógios
sobre a inércia tiranete
o obnóxio respirar compassado
a página perfeita e sem vincos
a justaposição do mel tentador
sobre a mais apetitosa divergência.
Avançam os esconjurados
numa estrada sem chão
talvez tutores de castelos no ar;
não é preciso o chão
se ele for a fértil condição de feudos
na mais infértil capitulação que se organiza.
Não serão as rimas exigíveis
os olhares da mesma cor
os painéis todos com o mesmo debruado
as implacáveis comoções
os hinos de canto obrigatório
a homogenia.
Desacertem-se os relógios
a teologia dos fusos diferentes
na escolástica da dissidência.
Cozinhem-se os ingredientes inesperados
em conjugações verbais não canónicas
caiam as lágrimas
até no esplendor da heroicidade
e arrumem-se os varões iconoclastas
suspeitos de intolerância
próceres do seguidismo
anacoretas da terraplanagem dos hereges
– arrumem-se
em aquários contraproducentes
extasiados em suas próprias camisas-de-forças
imersos em seus próprios espasmos bolçados.
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