Apostava tudo
na moeda pagã.
Não tinha
se não uma leve ideia
das flores havidas em instâncias anteriores
e das lentes ilegíveis
sobrava a presunção do dia esperado.
As vozes voavam mais rápidas
do que as marés exibidas.
Era o tabuleiro
de demónios sagrados
e números ao acaso
infundamentados
sem qualquer mnemónica
ou o travesseiro
onde se agigantavam
os sonhos.
Demónios sagrados, dizia.
Não sabia o que queria dizer
aquela combinação de termos
e dizia-o
com a mesma perseverança
com que abjurava os dias pretéritos.
Julgava-se
um colóquio de si mesmo
o abastardado impropério
que era a deserção interior,
involúvel.
Ouviu falar nos deuses pagãos.
Podia ser um farol
onde podia proceder
ao levantamento
da nova versão do eu.
Mas os medos intemporais
levavam a melhor
num braço de ferro
em que seu era o braço molestado
e de ferro o braço dos medos.
O que podia perder
se apostasse na moeda pagã?
Nunca se sentira bem
na floresta da incerteza.
Não se intimidou.
Os medos
podiam hipotecar o tempo
mas era vez
de ser a sua vez
de torcer o braço
ao código do porvir.