Um farol
na embocadura
da fala.
Desenha a luz
só com as mãos
o farol sentado.
Lilás é a cor
antes que mude de ideias
e bolce um expediente.
O farol
sem luvas
remexe nas algas túrgidas.
Perfumado
continua no tabuleiro
sem a opressão da desvantagem.
O farol
tem nome
quer ver escrito o seu nome.
Na miragem da manhã
desconfia de um navio
parece um fantasma.
Ao caldeirão sinérgico
traz os vestígios da alma
apanhados do vento tardio.
O vento
desce as escadas do farol
amuralha as paredes sem remorso.
No contrabando das palavras
uma pauta impura
acasala o sentir.
O pescador
retoma a estrada
no serpentear da dúvida.
Interroga o farol,
a pescaria ausente
e a proeza soará a mentira.
O farol
só sabe o que quer
na abundância que vem às mãos.
Diz estrofes avulsas
amanhecendo,
sozinho.
Sacia-se
nas palavras fecundas
e nas outras também.
Dizem
que o farol se candidatou
a um perene lugar no mapa.
Ninguém desmentiu o farol
na ousadia infante
da luz que o questiona.
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