Que paz
no rebordo do horizonte
em camadas sobrepostas
na chama de um fugaz fósforo
que paz
espera a clepsidra dominante?
A música
um grito pungente
e ao mesmo tempo sublime
adorável
compêndio da tradução das dores da alma
e sua propositada adulteração
no sol esplêndido
aberto
um sol que repousa nas mãos
dos que sabem ser cientistas
de seu próprio desfado.
A litania
é o modo em levitação
o verbo sem medida
maior do que as coisas maiores
ocasião para a devolução dos medos
e dos sonos hipotecados
enquanto se inventariam fantasmas venais
na confusa névoa
o denso locupletar das angústias.
Fica então
o doce sabor da boca
as palavras melífluas
as nuvens redesenhadas no parapeito da vida
e um todo por abraçar
demiúrgico
o espelho avivado onde
retemperado
o corpo se retrata.
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