Estou
tradutor das promessas largadas em banda
em bandeiras hirsutas
um prolegómeno desabitual.
Estou
tutor das ondas vadias
das marés sem tempero
dos fundos que vão ao fundo do mar
os vasos capilares
sensíveis
medula
a vertical insinuação do medo
açambarcado nas arcas hercúleas
onde se sopesam as arestas do mundo.
Estou
pensativo
entre a miríade de cores
os braços arqueados sobre as lágrimas
as condensadas partículas do saber
entre páginas e páginas
que parecem vazias,
devolvidas ao nada;
ou uma maldição
ou a maresia antolhada nas árvores belas
cabelos que passam entre os dedos
no perfumado estilo do tempo escorreito.
Estou
adiante do pesar
pressentimento sem fachada
escala sem partitura
o poema altivo
combinado com a estatura da manhã fresca
e aos lençóis deixo em legado
sonhos sem paradeiro
e das facas sem inventário
faço castelos sobrepostos à paisagem.
Estou
na estrada sem árvores
na possuída esteira onde se desenha o sangue
entre sucessivas camadas de névoa
e uma parede inacessível.
Estou
disposto nesse desenho das mãos
o compreensível palco das mães sem nome
ou os nomes a quem ficou gente de sobra.
Estou
quase
na estadia de mim mesmo
por dentro e por fora
ao mesmo tempo
síndico de meus lamentos
juiz dos arrependimentos
incensado no fogo alto
que devora as florestas longínquas
em lagos sedentos de fogo.
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