O soalho suado
recebe os corpos em sede;
deles fará sua sede
no exato momento frondoso
o campo das framboesas
que fermentam na chuva diurna.
Não posso saber do crepúsculo
que em seu sal desmaia;
habitaria nas levadas bucólicas
se a lua não se escondesse do dia
e as palmas das mãos sangrassem
a urze desmaiada.
Os óbitos vêm no fundo de página.
Não se encomendam elegias
e os oradores oficiais do reino
já andam à procura de ofício.
Fossem prematuros
os demónios encastrados no trivial remoço:
sob o verniz dos notáveis
está o seu incenso boçal
no singular desprezo pelos pergaminhos
e os cantos não canoros que destoam.
Ah, se só soubesse nadar
no improvável desgosto das marés,
se soubesse desenhar os contornos da maresia
se ao menos fosse a minha melhor companhia
não precisava de tirar os dados à sorte
só para não calhar o azar.
Demando ao sangue domado
a contradição de termos
o rol das personagens afastadas
o hidrogénio que alisa o dia
as verbenas de viúvos atiçados
e todo o falatório gratuito
no sopesar das invetivas que se desarrumam.
Não interessam as competições bolorentas
as juras feitas na véspera de Baco
os gatos que uns querem como cães
os dentes à mostra no sorriso emaciado.
Devolvam as cartas viáveis
ao tabuleiro onde dançam as presas
façam o concurso dos estetas
na comparação dos paradoxos
sim senhor.
Bebo o vinho de ontem
e urdo conspirações olímpicas
só por desporto
só porque sim.
Senhor.
Desenganem-se os esperançados de última hora:
não é desse senhor que faz constar
a prece sem métrica admitida.
Os olhos cansados
não se arrumam no sono.
Continuam a remar
teimosamente
nos mares imensos
que se atravessam num espaço de um sono.