19.5.15

Conspiração do vento

Devem ter importunado Éolo.
O deus do vento
surdo aos chamamentos de Zeus seu pai
deitou as entranhas ao exterior
e desatou um vendaval solarengo.
Ninguém pode sair à rua
sem levar com refegas de vento
que interditam a respiração,
sem ganhar novo cinzelado ao cabelo.
Éolo mete a mão debaixo do mar estouvado
há ondas a trepar por cima de outras
e generosa espuma entre ondas desfeitas.
Bem prega Zeus
para aplacar o iracundo Éolo;
os filhos alforriam-se
os pais confessam impotência
e tirocinam consumições.
Levam com salpicos do mar na cara
mercê do vendaval que traz mar à praia.
O vento bolçado
que quase arranca arbustos pela raiz
é a impertinência do jovem Éolo.
Enfim convertido deus do vento.
Deus que deus é
não dá o flanco a deus algum
(nem que deus esse seja seu pai).

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